28 de março de 2012

O Quilombismo. Abdias do Nascimento. educação africa multiculturalismo historia sociologia religião etc








Título: O Quilombismo.

autor: Abdias do Nascimento

editora: Vozes

ano: 1980

descrição: Livro em bom estado, com 281 páginas, brochura original.


A singularidade de O quilombismo está no fato de apresentar uma proposta sócio-política para o Brasil, elaborada desde o ponto de vista da população afrodescendente. Num momento em que não se falava ainda em ações afirmativas ou compensatórias, nem se cogitava de políticas públicas voltadas à população negra, o autor deste livro propunha a coletividade afro-brasileira como ator e autor de um elenco de ações e de uma proposta de organização nacional para o Brasil. Assim, sustentava e concretizava a afirmação de que a questão racial é eminentemente uma questão nacional.

O quilombismo antecipa conceitos atuais como multiculturalismo, cujo conteúdo está previsto nos princípios de "igualitarismo democrático (...) compreendido no tocante a sexo, sociedade, religião, política, justiça, educação, cultura, condição racial, situação econômica, enfim, todas as expressões da vida em sociedade;" "igual tratamento de respeito e garantias de culto" para todas as religiões; ensino da história da África, das culturas, civilizações e artes africanas nas escolas.  O ambientalismo também se faz presente, no princípio que "favorece todas as formas de melhoramento ambiental que possam assegurar uma vida saudável para as crianças, as mulheres, os homens, os animais, as criaturas do mar, as plantas, as selvas, as pedras e todas as manifestações da natureza".

Desde sua remota aparição em Salvador, há quase dois séculos, os terreiros de candomblé foram sempre fustigados por severas restrições policiais. E, pelo menos nos últimos vinte anos, o cerco movido pela polícia foi sensivelmente fortalecido por um poderoso aliado - a expansão imobiliária, que se estendeu às áreas distantes do centro da cidade onde ressoavam os atabaques.

Mais ainda, em nenhum momento a Prefeitura esboçou barricadas legais para proteger esses redutos da cultura afro-brasileira - embora a capital baiana arrecadasse gordas divisas com a exploração do turismo fomentado pela magia dos orixás (...)

E nunca se soube da aplicação de sanções para os inescrupulosos proprietários de terrenos vizinhos às casas de culto, que se apossam impunemente de áreas dos terreiros. Foi assim que, em poucos anos, a Sociedade Beneficente São Jorge do Engenho Velho, ou terreiro da Casa Branca, acabou perdendo metade de sua antiga área de 7.500 metros quadrados.

Mas infeliz ainda, a Sociedade São Bartolomeu do Engenho Velho da Federação, ou candomblé de Bogum, assiste impotente à veloz redução do terreno sagrado onde se ergue a mítica "árvore de Azaudonor" trazida da África há 150 anos e periodicamente agredida por um vizinho que insiste em podar seus galhos mais frondosos.

“Os afro-brasileiros sofreram nova decepção em seus sonhos quando constataram que até mesmo no crescente contexto industrial do País, especialmente em São Paulo, sua força de trabalho era rejeitada. Isto que chamam de acelerado progresso e expansão econômica brasileira não modifica sua condição, à margem do fluxo e refluxo da mão-de-obra. E para que assim permanecesse o negro um marginal, o governo e as classes dominantes estimularam e subsidiaram a imigração branco-européia que, além de preencher as necessidades de mão-de-obra, atendia simultaneamente à política explicita de embranquecer a população.”


“Em 22 de novembro de 1910 a Marinha de Guerra, sob o comando do marinheiro negro João Cândido, rebelou-se contra o governo do país . O objetivo imediato da revolta: a extinção do castigo, uma punição corporal remanescente do regime escravo”


“Durante a campanha abolicionista, dois negros se destacaram na defesa dos escravos: José do Patrocínio, filho de sacerdote católico com mulher negra. Nasceu em Campos, Estado do Rio de Janeiro ... transferiu-se para a antiga capital do pais, a cidade do Rio de Janeiro.... arena onde desenvolveu extraordinário trabalho jornalístico. O outro chamava-se Luis Gama, filho de africana livre e aristocrata português. Nasceu na Bahia e as oito anos foi vendido como escravo pelo próprio pai... para pagar divida de jogo.O menino Luis Gama embarcou com seu proprietário para São Paulo... conseguiu aprender a ler e escrever, estudou, libertou–se da escravidão e tornou-se brilhante advogado...Tudo que ganhava em sua banca de advogado, Luis Gama destinava à compra da liberdade dos seus irmãos de raça escravizados. Escreveu violenta poesia satirizando os negros e mulatos que tentam esconder ou negar sua origem africana, querendo passar por brancos... Cantou a beleza negra em termos altos e absolutos, muito antes que os poetas da chamada negritude o fizessem, ao evocar ternamente a imagem de sua mãe, Luísa Mahím, a quem jamais conseguiu tornar a ver.”


Neto de africanos escravizados, filho de pai sapateiro e mãe doceira, Abdias Nascimento nasceu em 1914 na cidade de Franca (SP) e, desde criança, aprendeu com sua mãe que nunca deveria deixar sem resposta uma ofensa racial. No início da década de 1930, participou da Frente Negra Brasileira (primeira tentativa unificada de organização do Movimento Negro no Brasil) e, mais tarde, foi para o Rio de Janeiro, onde a cultura negra pulsava com mais força, passando a freqüentar terreiros de candomblé, como o de Joãozinho da Goméia, em Duque de Caxias, penetrando mais fundo na alma negra e se aproximando de suas tradições culturais. No Rio, centro do pensamento político e cultural do país, Abdias passou a conviver com importantes intelectuais negros, como Solano Trindade, fundador da Frente Negra de Pernambuco e militante político marxista, a quem considerava o maior poeta negro do Brasil contemporâneo. Outro companheiro de muitas jornadas foi Abigail Moura, maestro da Orquestra Afro-Brasileira, pioneiro na criação de música erudita com base na cultura negra.

Pintor que explora e interpreta vários universos simbólicos a partir da matriz primordial do Egito antigo, percorrendo o candomblé, o vodu do Haiti e os ideogramas adinkra da África ocidental


Livro pioneiro em vários sentidos, documenta a participação, pela primeira vez ocorrida, de um negro brasileiro aos foros internacionais pan-africanos. O texto se compõe dos discursos e ensaios - análises sócio-econômicas, políticas e culturais da experiência afro-brasileira - apresentados por Abdias Nascimento àquelas reuniões: o IV Congresso Pan-Africano (Dar-es-Salaam, 1974), o Encontro Sobre Alternativas do Mundo Africano (Dacar, 1976), Faculty Seminars na Universidade de Ifé (Ile-Ife,. 1976-1977), e I Congresso da Cultura Negra nas Américas (Cali, 1977).

"Os afro-brasileiros sofreram nova decepção em seus sonhos quando constataram que até mesmo no crescente contexto industrial do País, especialmente em São Paulo, sua força de trabalho era rejeitada. Isto que chamam de acelerado progresso e expansão econômica brasileira não modifica sua condição, à margem do fluxo e refluxo da mão-de-obra. E para que assim permanecesse o negro um marginal, o governo e as classes dominantes estimularam e subsidiaram a imigração branco-européia que, além de preencher as necessidades de mão-de-obra, atendia simultaneamente à política explicita de embranquecer a população."



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1. Fonseca, Eduardo Junior. Zumbi dos Palmares: a história que não foi contada. Yorubana do Brasil, Rio de Janeiro: 2000.
2. Agualusa, José Eduardo. O ano em que Zumbi tomou o Rio. Gryphus, Rio de Janeiro: 2001.
3. Barbosa, José Carlos. Zumbi dos Palmares: o rei negro do Brasil. Imprensa, Ribeirão Preto: 2003.
4. Lima, Ray. Programa Zumbi Aracati-Ceará: uma ruptura no sistema educacional. Brasil Tropical, Fortaleza: 2004.
5. Santos, Joel Rufino dos. Zumbi. Global, São Paulo: 2006.
6. Maxado, Franklin. Rei Zumbi: o herói do Quilombo de Palmares. Edição F. Maxado, São Paulo: 1981.
7. Borges, J. História de Zumbi e os Quilombos de Palmares. Folheteria Borges, Bezerros(PE): 1985.
8. Silva, Severino da. Zumbi dos Palmares. Edições Paulinas, São Paulo: 1990.
9. Carlos, A. Zumbi: a resistência de um jovem brasileiro. Folheteria Maciel, Belo Horizonte: 1992.
10. Braz, Júlio Emílio. Zumbi: o despertar da liberdade. Memórias Futuras, Rio de Janeiro: 1995.
11. Cardoso, Marcos Antonio. Zumbi dos Palmares. Mazza, Belo Horizonte: 1995.
12. Muniz, Ubirajara. A agonia de uma raça: Zumbi, o Rei. Aquarela, Rio de Janeiro: 1991.
13. Ricon, Luiz Eduardo. Minigurps: o quilombo de Palmares. Devin, São Paulo: 1999.
14. Lúcio, Antonio Bezerra. Zumabunu: em terra arrasada ao longo do reino da liberdade. Brasília, SN: 1999.
15. Peret, Benjamin. O quilombo de Palmares. Editora da UFRGS, Porto Alegre: 2002.
16. Police, Gerard. Quilombo dos Palmares: lectures sur um marronnage braselien. Íbis Rouge Editions, 2003: Guadeloupe Guyane.
17. Funari, Pedro Paulo Abreu. Palmares, ontem e hoje. Zahar, Rio de Janeiro: 2005.
18. Gomes, Flávio dos Santos. Palmares; escravidão e liberdade no Atlântico Sul. Contexto, São Paulo: 2005.
19_____________________A hidra e os pântanos: mocambos, quilombos e comunidades de fugitivos no Brasil nos séculos XVII-XIX. Unesp, São Paulo: 2005.
20. Leal, Isa Silveira. O menino de Palmares. Brasiliense, São Paulo: 1982.
21. Freitas, Décio de. Palmares: a guerra dos escravos. Graal, Rio de Janeiro: 1981.
22. Borges, J. História de Zumbi e os quilombos de Palmares. Folheteria Borges, Recife(PE): 1985.
23. Palmares de liberdade e engenhos de escravidão (desenhos de Domingos Sávio Menezes Carneiro). Editora Paulinas, São Paulo: 1985.
24. Gomes, Antonio Carlos. Palmares em quadrinhos. R. Kempf, São Paulo: 1984.
25. Moura, Clovis. Quilombos: resistência ao escravismo. Ática, São Paulo: 1987.
26. Berto, Luiz. Nunca houve guerrilha em Palmares. Mercado Aberto, Porto Alegre: 1987.
27. Penha, Evaristo. Cazumba de Palmares(poema épico). PCS Artes Gráficas, Campos(RJ): 1988.
28. Filho, Ivan Alves. Memorial de Palmares. Xenon, Rio de Janeiro: 1988.
29. Barbosa, Osmar. Palmares: o livro que Castro Alves não publicou. The Saurus, Brasília: 1988.
30. Correya, Juarez (Organizador). Poetas dos Palmares. Fundação Casa de Cultura Hermilo Borba Filho, Palmares (Pe): 1987.
31. Dagostin, Martins. Quilombo de Palmares. Fênix, São Paulo: 1995.
32. Koury, Jussara Roche. Liberdade: o sonho de Palmares. Bagaço, Recife (PE): 1995. 33. Landmann, Jorge. Tróia negra: a saga de Palmares. Mandarim, São Paulo: 1998.
34. A vida de Zumbi dos Palmares. Fundação de Assistência ao Estudante, Brasília: 1995.
35. Bourbolkan, George Latif. A incrível e fascinante história do capitão Mouro. Casa Amarela, São Paulo: 2000.
36. Silva, Eduardo. As camélias do Leblon e a abolição da escravatura: uma investigação de história cultural. Companhia das Letras, São Paulo: 2003.

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