20 de setembro de 2010

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Manuel FERREIRA,

A Aventura Crioula,

Plátano Editora, Lisboa,

1973,

livro em bom estado de conservação, brochura original, escasso, nao perca, saiba mais ...

exemplar único com autografo e dedicatória do autor para um dos grandes nomes da cultura e literatura brasileira, autografado por ocasião de uma passagem do autor pelo Brasil.

com capa de Criner y Dintel. com prefacio de Baltasar Lopes. com uma substancial bibliografia temática sobre o assunto. com indice de nomes. Com indice de obras de autores cabo-verdianos.


Manuel Ferreira, escritor português mas de longa vivência cabo-verdiana. No seu livro A aventura crioula, nos fala de Cabo Verde como sendo “a mais antiga colônia do mundo (...), o primeiro caldeirão de ensaio de miscigenação euro-africana (...), o mais extraordinário caso aculturativo nos trópicos, mesmo considerando o fenômeno brasileiro, tido vulgarmente como padrão não só nos sistemas de interpenetração de culturas mas também na convivência racial”. E esclarece:

“Que o facto se explique pela inexistência de monocultura em Cabo Verde; pela pequenez do meio onde parece não ter sido possível a formação da casa-grande afastada da senzala; pela necessidade de uma defesa comum frente aos assaltos constantes dos navios piratas; pelo reduzido número de mulheres brancas; menor resistência das culturas negras; por serem terras desligadas do continente africano; ou ainda por outras razões não averiguadas, não vem ao caso agora, e nem está nos nossos propósitos nem na nossa competência”.



Para o conhecimento de Cabo Verde, vem Manuel Ferreira munido de uma condição indispensável: a ausência total de preconceitos. Ele não pertence, felizmente, ao número dos que, apressados ou dogmáticos, querem meter à força Cabo Verde e o seu “caso” numa moldura premeditada. pelo contrário: aborda-o com humildade e com deliberação de o compreender, amando-o. E como Ferreira é bom conhecedor da terra e das gentes, os pontos de vista que tem apresentado ao longo de um debruçar, que não vem de ontem, sobre estes temas representam sempre valorações pertinentes; mesmo quando não concordemos totalmente, a nossa discórdia nunca deixa de ser acompanhada do respeito por este escritor, digo, por este homem profundamente sincero. Porque, perante o diálogo que Manuel ferreira vem mantendo com Cabo Verde, não é o escritor que primacialmente avulta para nós das ilhas: é o homem fraternal e militante.
Os assuntos versados neste livro, ..., inserem-se entre os de maior relevância para o conhecimento de Cabo Verde; e podemos acrescentar – os mais difíceis.
Baltasar Lopes


Manuel Ferreira escritor português, nascido em 1917, em Gândara dos Olivais, em Leiria, e falecido em 1994, em Lisboa, frequentou os cursos Comercial e de Farmácia dos liceus; licenciou-se em Ciências Sociais e Políticas. Mobilizado como expedicionário para Cabo Verde, em 1941, aí permaneceu seis anos, tendo convivido com os grupos das revistas CLARIDADEe CERTEZA, fazendo ainda parte da sua vivência ultramarina estadias na Índia, Angola e Guiné. Como docente e estudioso da literatura africana, publicou numerosos estudos; fundou e dirigiu a revista ÁFRICA e as edições ALAC e criou, na Faculdade de Letras de Lisboa, a cadeira de Literatura Africana em Língua Portuguesa. Colaborou em numerosas publicações periódicas portuguesas e estrangeiras, como VÉRTICE ou SEARA NOVA; organizou as antologias No Reino de Caliban (3 vols., 1975-96) e 50 Poetas Africanos, Antologia Selectiva (1989), etc... Ficcionista e autor de literatura infantil, a sua obra encontra-se traduzida em várias línguas, tendo recebido os prémios Fernão Mendes Pinto, em 1958, por Morabeza; Ricardo Malheiros, em 1962, por Hora di Bai, e o Prémio da Imprensa Cultural da Província por A Aventura Crioula em 1967.
Na esteira do neo-realismo, a sua obra reflecte, inicialmente, o seu amor pelo arquipélago de Cabo Verde, integrando uma novelística de raiz africana, onde a perspectiva realista serve, sem cair em interesse etnográfico ou gosto pelo exótico, a evocação do cosmorama humano e da cultura africana.

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