16 de novembro de 2007

ROSÁRIO FUSCO de Souza Guerra, escritor e advogado, afrodescendente ।





ROSÁRIO FUSCO de Souza Guerra, escritor e advogado, nascido em São Geraldo, em 19/7/1910. Faleceu em Cataguases em: 17/8/1977.

"Lá se foi o velho Rosário Fusco" - escrevia o cronista José Carlos Oliveira no Jornal do Brasil de 21 de agosto de 1977, quatro dias após a morte do romancista em cataguases: "um gigante voraz, andarilho infatigável que viveu (vivenciou, se preferirem) a aventura antropofágica proposta pelos modernistas. Cosmopolita, para onde quer que fosse levava um coração provinciano. Teria que terminar em Cataguases, misteriosa cidade com vocação de radioamador - dentro das casas, nos bares, na praça, na modorra da roça é apenas uma prevenção; na verdade, Cataguases está em febril contato com o mundo, é pioneira em cinema, em literatura, em arquitetura". A "Cataguases pioneira em literatura"deve muito a Rosário Fusco - ainda um menino de 17 anos e já fazendo com outros rapazes da cidade uma revista que daria o que falar na Capital de Minas, na de São Paulo, em várias outras do Brasil e até do exterior. Fusco foi o motor da Revista Verde, um vulcão que escrevia, ilustrava, diagramava, mandava (e recebia) cartas para todo mundo, mas principalmente pro modernista Mário de Andrade, descoberta e aprendizado, embora mais tarde fizesse mais o perfil do outro Andrade, o irreverente e antropofágico Oswald.
Com seis meses de idade e órfão de pai, Rosário Fusco de Souza Guerra, chega a Cataguases com a mãe, Auta, lavadeira. Estuda na Escola Maternal Nossa Senhora do Carmo, conclui o primário no Coronel Vieira e faz o secundário no Ginásio Municipal. Duro início de vida: aprendiz de latoeiro, servente de pedreiro, pintor de tabuletas, prático de farmácia, professor de desenho, bedel no Ginásio. Aos 15 anos, já colaborava no "Mercúrio", jornal dirigido por Guilhermino César, futuro companheiro na Verde, e logo em dois outros jornaizinhos, "Boina" e "Jazz Band". Com José Spíndola Santos, edita "Itinerário", e juntos fundam a livraria-editora Spíndola e Fusco.
Aos 17 anos, é um dos criadores da Verde Editora e, aos 18, publica "Poemas Cronológicos", parceria com Enrique de Resende e Ascânio Lopes, em 1928. Em 1932, muda-se para o Rio de Janeiro, onde forma-se em Direito em 1937. Romancista, funcionário federal, dramaturgo, poeta, jornalista, publicitário, radialista, critico literário, ensaísta, Secretário da Universidade do Distrito Federal e Procurador do Estado do Rio de Janeiro. Muitos cargos para um homem só, mesmo um mulato enorme e da melhor qualidade como Rosário Fusco. Melhor dizer, simplesmente, profissão: escritor. Mesmo porque ele foi o primeiro escritor brasileiro a ser reconhecido como tal pelo antigo INPS. Em fins dos anos 60, ele volta a Cataguases, onde viria a morrer em 1977. Publicou vários livros: em 28, Fruta de Conde (poesia), 1943, O Agressor (reeditado depois, em 68, na Itália pela Editora Mandadori e no Brasil em 76 pela Francisco Alves). 1940, Amiel, (ensaio), O Livro do João (romance), 44, Anel de Saturno e O Viúvo, em 1949 (teatro), Carta à noiva, 54, (romance), Introdução à Experiência Estética (ensaio), em 49, Auto da Noiva (farsa), em 61 e Dia do Juízo (romance) também em 1961. Deixou dezenas de correspondências com expoentes da literatura brasileira, especialmente Mário de Andrade, dezenas de "diários" e dois romances e um livro de poesia erótica e de viagens.


fonte:

http://www.tratosculturais.com.br/Zona%20da%20Mata/UniVlerCidades/modernismo/Literatura/index.htm

Um comentário:

Júlio César Pedrosa disse...

Foi também tradutor. Traduziu "Crime e Castigo" de Dostoievski, publicado pela José Olympio (Rio de Janeiro) e pela Abril Cultural (SP).
A tradução é excelente!