21 de maio de 2011

JOÃO SEBASTIÃODAS CHAGAS VARELLA COZINHA DE SANTO culinária de Umbanda e Candomblé Iabá Peji Amalás Acaçá Iabassê



JOÃO SEBASTIÃO DAS CHAGAS VARELLA

COZINHA DE SANTO ( culinária de Umbanda e Candomblé)

ESPIRITUALISTA

1972 Pág:113 -

Comentário : EM LIVRO BOM ESTADO DE CONSERVAÇÃO, capa brochura original.

Capa e ilustração de Enio Lisboa. Livro composto na renomada Gráfica Aurora Ltda.
Prefácio de Wagner Neves Rocha. Ilustrado. Com epílogo.

"Este é um trabalho específico que trata da Alimentação dos Orixá, em ângulo alargado que de mistura com a ciência, aparece impecável na forma.”

Livro ilustrado.

Com dedicatória impressa com preito de gratidão e homenagem à honra. Kauo Kabiencile Obá !

Mucuiú Mo Zambi. Kalofé Olorum !

Efun- Oguedê;Itetê de Oxum;

A cozinha de santo nas Nações de Keto, Gêge, Angola, Nagô, Ioruba, Bantos, etc., inclusive no Omolocô quando puxado para uma das outras Nações, é bem diferente das cozinhas profanas, onde se prepara os alimentos do homem em geral.

Há uma série inteira de preceitos do ritual que se há que obedecer. Os utensílios não são iguais aos da cozinha comum. Por essa razão traçaremos um plano de organização, colocando em seqüência as coisas que precisam ser observadas para que tenhamos ORDEM e gozemos das simpatias e estima constante, de todos os ORIXÁS para os quais preparamos os alimentos, as OBRIGAÇÕES.

Via de regra, a Cozinha de Santo tem os seguintes petrechos, os seguintes utensílios:

MESA OU BANCA onde se colocam os fogareiros à carvão, se na casa não existe ou não tem FOGÃO DE LENHA. Como medida de precaução e até mesmo de maior higiene a mesa modesta, ou banca, deve ser forrada de folha de Flandres (ou folha de alumínio) que evitará seja a madeira queimada pela quentura dos fogareiros e/ou pelas brasas que escapam pela grelha; ela pode ser um pouco comprida para comportar, ao lado, um grande alguidar ou bacia, onde se procede a lavagem dos utensílios, panelas e louça.

Um FOGAREIRO (ou vários) conforme a necessidade, de ferro, para carvão vegetal. São facilmente encontrados em lojas de ferragens, principalmente nos bairros mais modestos.

PANELAS DE BARRO, vidradas ou simples, ou então de ferro. Nós preferimos as de barro, como nos tempos passados.

AS COLHERES são de pau, de variados tipos. RALOS para coco são de folha. URUPEMA (peneira) é de taquara e a encontramos em casas especializadas, o COADOR deve ser de folha.

MÁQUINA de moer carne. Atualmente já não se encontra PEDRA DE RALAR, DE MOER (mó) para triturar grãos e por esse motivo só pode ser resolvido com um moinho ou pilão (que já é difícil de encontrar). A escumadeira também é de folha.

O FOGAREIRO ou o FOGÃO DE LENHA não se abana para os dois lados, como na feitura de alimentos profanos; abana-se da Direita para a Esquerda, a princípio parece difícil, mas em pouco tempo acha-se o jeito.

Constituída ou organizada a Cozinha, vejamos agora a pessoa ou pessoas que nela vão trabalhar.
As IABÁS ou IABASSÊS, as cozinheiras do Santo, trabalham paramentadas, vestidas no Ritual. Colocam ao pescoço a Guia ou Guias do Orixá cujo alimento está sendo preparado ou as guias de seus Orixás.

Antes de começar o trabalho de cozinhar para o santo, a IABÁ, ou filha de fé, ou filha de santo, acende uma vela ao seu ELEDÁ, próximo ou ao lado do local onde vai executar o dito trabalho e ao lado da vela, um copo d’água. Se o trabalho se alongar e a vela terminar, antes que isso aconteça, acende-se outra sobre o toco que está terminando, uma outra e ao terminar o trabalho, retira-se a vela e o copo d’água de perto do fogão ou fogareiro, colocando-a no PEJI ou em lugar alto para terminar, terminada a vela, despacha-se a água em lugar que haja água corrente, no lavatório, no tanque.

Após o serviço, as brasas dos fogareiros são apagadas com areia, nunca com água.
Organizada a cozinha, poderemos a qualquer momento, preparar a iguarias originariamente destinadas aos Orixás tal qual são realizadas na fonte doutrinária da Umbanda e do Candomblé.

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