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26 de julho de 2017
Djumá, Cão sem Sorte René Maran - Goncourt Premio. editora: Cultura Brasileira Literatura africana diáspora resistência Negritude Fanon, Senghor, Diop, Laye, Béti, Ousmane Achebe Dadié Martial Sinda
Djumá, Cão sem Sorte
René Maran - Goncourt Premio.
editora: Cultura Brasileira
Encadernado em couro e papel fantasia, gravações em dourado do título e autor na lombada, com nervuras à francesa,páginas 236, lindo, livro antigo em muito bom estado de conservação.
Um dos maiores nomes da literatura africana, infelizmente, quase desconhecido entre nós.
Primeiro negro a levar o Prêmio Goncourt.
Texto fundamentalíssimo para qualquer estudioso, interessado, amante ou curioso sobre a produção da resistência africana através da literatura no século XX, em pleno colonialismo.
Aqui história e literatura se fundem para proporcionar uma compreensão do que foi a europa colonizadora e a resistência, sempre forte, africana...
Maran é considerado um dos pais fundadores da literatura africana de identificação, isto é, a Negritude, dito escandalo para os conservadores europeus, da época... hoje não mais?
Imagine o prezado visitante deste BIBLIOAFRO que Rene Maran, por ocasião de seus lançamentos, foi recebido nesse nipe:
"René Maran perdeu uma bela ocasião de deixar os negros à sua sujidade nativa e de falar-nos de um assunto mais intéressante..."
Certamente os escritos de Maran causaram muita polêmica e fizeram cair por terra muitas mascaras da Europa Colonial, a plena demitificação do bom colonialismo achou aqui um resistente denunciador, falar do negro como um negro, não era uma conduta bem vista para a sociedade de matriz européia culta da época, talvez ainda não seja... o fato é que o Maran marcou época, a negritude muito lhe deve, ainda que pouco divulgado, fez muita polêmica com seus escritos e abriu portas para novas discussões, isso muito tempo antes de Fanon, Senghor, Diop, Laye, Béti, Ousmane, por exemplo.
A literatura negro-africana escrita em francês, inglês, espanhol e português aparece no primeiro quarto do século passado.
O pai francófono desta literatura, que transmite um universo criativo negro em francês, é o escritor guianês René Maran.
Em 1921 recebeu o Prêmio Goncourt, dá a partida para a negritude. Este movimento literário de revalorização cultural, de afirmação de identidade, de denúncia colonial e de dever de memoria nasce à beira do Rio Sena. Os autores da negritude tornam-se célebres em diversas modalidades literárias.
Encontra-se aí tradicionalistas que se alimentam da tradição oral (Amadou Hampâté Bâ, Ousmane Socé Diop…), escritores de crítica social que se apóiam na luta de classes (Ousmane Sembène, Mongo Beti...), numerosos poetas militantes da negritude que privilegiam a luta racial (Senghor, Césaire, Damas, Jacques Rabémananjara, Bernard Dadié, Martial Sinda…) e pesquisadores e ensaístas (Cheikh Anta Diop, Frantz Fanon…).
Na mesma época, no seio da diáspora africana vão surgindo movimentos literários paralelos à negritude francófona. Entre eles cabe destacar o denominado Harlem negro-renascença nos Estados Unidos (Langston Hughes, Countee Cullen, Claude Mc Kay…), indigenismo no Haiti (Jacques Roumain, Jacques-Stephen Alexis…), ou negrismo em Cuba (Nicolas Guillén, Emilio Ballagas, Waltério Carbonell…) e no Brasil (Paulo de Carvalho-Neto…).
Antes do aparecimento no século XX destes movimentos literários negros modernos, houve vários precursores entre os quais a poetisa afro-americana Phillis Wheatley no século XVIII, e os poetas afro-brasileiros João Da Cruz e Souza e Luis Gama no século XIX.
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